domingo, 24 de agosto de 2008

Maquinista admite SABUTAGEM no Tua

"A linha está intacta, a energia falhou antes de chegarmos ao solo e até o telefone de socorro (GSM) deixou de funcionar. Não foi acidente." Fernando Pires, maquinista da locomotiva sinistrada, anteontem, na linha do Tua, não acredita em coincidências. Depois de também ter conduzido a máquina que caiu em Junho deste ano, o homem de 47 anos crê na tese de sabotagem.



"Viajámos a uma velocidade muito lenta e a máquina tinha vindo da oficina há poucos dias.Se o culpado fosse eu, já o tinha admitido, mas não fui. Não se pode brincar com a vida das pessoas", continuou o operador de sistemas de transporte na linha do Tua há 13 anos, que ouviu um estrondo segundos antes do descarrilamento.

No mesmo tom, alinha José Alves, de 37 anos, que desempenhava a função de revisor na fatídica viagem. "O meu pai também foi ferroviário e o que se passou não é normal. Não tenho provas materiais porque, se tivesse, apontava o dedo à EDP", afirmou ao CM.

Já o responsável da associação Coordenadora de Afectados pelas Grandes Barragens e Transvases (COAGRET), Pedro Couteiro, não hesita em atribuir responsabilidades. "A EDP deve ser investigada. Trata-se de mais uma sabotagem de máfias hidráulicas. A inactivação da linha é necessária para a construção da barragem do Tua e temos a certeza de que isso está ligado a estes homicídios", afirma Couteiro, que aponta baterias também ao governador civil de Bragança, Jorge Gomes: "Pelas suas declarações, tem de se demitir e espero até que a PJ o considere suspeito desta sabotagem."


LOCOMOTIVA SEM VIGILÂNCIA

A automotora que anteontem caiu em Brunheda, Carrazeda de Ansiães, continua imóvel no fundo da ravina e sem qualquer vigilância policial. Muitos curiosos quiseram ver de perto o sítio onde se deu o descarrilamento que provocou a morte de Olema Alves, de 47 anos.

Binóculos e máquinas fotográficas foram utensílios indispensáveis para as dezenas de pessoas que procuraram obter uma recordação do acidente. Aliás, face à ausência de vigilância policial, alguns ousaram entrar na automotora sinistrada.

Longe do local, o maquinista José Alves recordou ao CM o que se sucedeu à queda: "Após momentos de pânico, formou-se uma organização espontânea bestial. A entreajuda foi notável. Eu e o revisor preocupámo-nos primeiro com as crianças e depois em evitar que as pessoas vissem a vítima mortal. Já nada havia a fazer pela senhora."


"FECHO DA LINHA SERIA ERRO CRASSO"

Pedro Couteiro, responsável da associação Coordenadora de Afectados pelas Grandes Barragens e Transvases (COAGRET), é vincadamente contra o fecho da linha do Tua, quer pelo turismo que acarreta, quer pela ligação que faz entre as diferentes localidades. "O fecho seria um erro crasso. A COAGRET entregou na Câmara de Mirandela um estudo que defende a melhoria e maior utilização da linha", diz Couteiro, antes de defender a extensão da linha até à cidade espanhola de Puebla de Sanábria, que terá ligação por TGV até Madrid.


JORNALISTAS DO CM AMEAÇADOS

Já a equipa do CM se encontrava junto à locomotiva sinistrada quando dois homens se aproximaram, exibindo uma fita métrica. Face à ausência de trabalhos no local, o CM decidiu fotografar a dupla de supostos peritos. Contudo, a reacção foi a pior. Desde palavras a gestos intimidatórios, passando por ameaças de morte, foi-nos dito que "nunca sairíamos dali" se não fossem eliminadas as fotografias. Os homens não se identificaram e recusaram-se a que a questão fosse resolvida com as autoridades.


PORMENORES

1. COINCIDÊNCIAS

Maquinista e revisor da viagem de anteontem enumeraram algumas coincidências entre os acidentes do Tua: aconteceram à sexta-feira de manhã, antes ou depois da visita de alguém importante e em local com ravina de ambos os lados.

2. DOIS INTERNADOS

Uma mulher de 42 anos e uma criança de nove são os únicos feridos que continuam hospitalizados. Contudo, ambos devem receber alta nos próximos dias.

3. TROÇO ENCERRADO

Ao contrário do que estava previsto, o troço Mirandela-Cachão da linha do Tua também foi provisoriamente encerrado.

4. RÁDIO E TELEMÓVEL

O rádio do comboio só tem autonomia para uma hora, apesar da viagem durar 75 minutos. Só há rede de telemóvel nos primeiros 25 quilómetros.


Informação Retirada de: www.correiomanha.pt



Vídeo: http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?headline=98&visual=25&article=360270&tema=27

2 comentários:

Anónimo disse...

Que Mundo, Este...

Anónimo disse...

Concordo que existe muita viol
ência no nosso país, mas em relação a este caso não acredito que a vitima foi alvejada quando se dirigia para a sua viatura sem ter nenhuma atitude provocatória como o próprio afirma.Como disse Piloto e muito bem existem alguns emigrantes que vêm a Portugal passar férias,trazem bons carros e acham que têm o rei na barriga, claro que isto não se aplica no geral porque ainda existe muita boa gente a regressar às origens com muita dignidade e humildade. Mas em relação às vitimas, todos afirmam não haver razões,mas nunca existem consequencias sem origem. O que é um facto bem notório é o mês de Agosto (mês mais escolhido para o regesso da comunidade emigrante
á terra natal) é um mês catastrófico para os que cá estão, exemplo disso temos o trânsito, que essa parcela de emigrantes menos correctos transforma numa selva. Isto é a realidade, o excesso de alcool, a velocidade excessiva nas suas "Bombas", e a tal expressão"o rei na barriga", faz com que muitos odeiem o mês de Agosto e estão desejosos de que ele passe muito depressa.Nem sempre os que cá estão são os "maus da fita".
Um comentário apenas para fazer reflectir algumas mentes, mas sem intensão de ferir sensibilidades.