segunda-feira, 23 de junho de 2008

Salazar e Franco foram antifascistas...

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Há apenas afinidades entre o Estado Novo e o fascismo.
A ultradireita do regime defende isso. Não nos esqueçamos de que Jaime Nogueira Pinto sustentava a tese, em 1971 ou 1972, de que Marcelo Caetano era um criptocomunista.

O Hitler mandou matar nazis, não é nazi, está visto; Estaline mandou matar 700 mil comunistas, entre 36 e 38, então não é comunista. Isto é absurdo, é óbvio que a pluralidade interna do regime incluía sectores, sobretudo da área intelectual e sectores de uma pequena burguesia mais moderna que do ponto de vista cultural imitava directamente o caso italiano ou caso alemão.

Queixaram-se da falta de solidez ideológica do regime e consideraram, por exemplo, que Salazar era contra-revolucionário. Salazar falou da revolução a vida toda! O 28 de Maio não era outra coisa senão uma revolução nacional: o ditador recordou nos anos 30 e anos 60, durante a Guerra Colonial, que era necessário restaurar o espírito do 28 de Maio. Uma das coisas que procuro analisar neste livro, no capítulo da natureza ideológica, é como o salazarismo se descreveu a si próprio como o novo, o revolucionário, o moderno. Evidentemente não cumpriu todas as expectativas daqueles que queriam mudança mais radical.

Em que base se apoia Salazar para dizer que o seu século, o século XX, era fascista?

Salazar usa outra fase: diz que existe uma linha geral europeia que os triunfos da Alemanha nazi e da Itália fascista têm vindo a consagrar. Salazar não gosta de utilizar o termo fascista, porque sabe que está a usar um termo criado por estrangeiros, e um ultranacionalista não gosta de dizer que o seu regime é uma imitação. Portanto, fala de um nova ordem, como falavam também Hitler, na Alemanha, Mussolini, em Itália, e Franco, em Espanha. A transformação que a Alemanha estava a produzir na Europa, entendia Salazar, iria consagrar o triunfo dessa via. As direitas ibéricas imaginaram no triunfo da Alemanha uma espécie do fim da história: o triunfo definitivo para o resto do século daquilo que seria a nova ideologia.

Quais são as provas documentais que analisou para o ajudarem a definir a natureza "intrinsecamente fascista das duas ditaduras ibéricas"?

No caso português, analisei documentação diplomática portuguesa e política produzida dentro do Governo português, na maior parte dos casos documentos confidenciais até agora desvalorizados. Quis perceber aquilo que até agora ainda não tinha sido feito na historiografia portuguesa: ver como é que Salazar imaginou, nos anos do triunfo fascista, o que seria o mundo. É aí que eu apanho estes documentos surpreendentes: o seu embaixador em Berlim, Tovar de Lemos, diplomata de carreira, um homem intrinsecamente salazarista, definiu no fim de 1941 que se havia regime na Europa com mais semelhanças com o regime nazi esse regime era o português.

1 comentário:

Anónimo disse...

Slazar e Franco tinham muito contra o Fascismo mas tmb não eram exemplo a seguir. Marco